domingo, 28 de setembro de 2008

M A S S A C R E

“Eles são favoritos, mas vamos passar a máquina em cima deles”. A frase do presidente gremista Paulo Odone pareceu fazer sentido nos primeiros minutos do clássico Gre-Nal encerrado há pouco. O Grêmio começou bem, fazendo uma marcação forte e atacando com vontade. O Inter, o favorito, não teve um princípio de partida tão brilhante tecnicamente, mas honrou a dita condição como deveria: balançando as redes. Aos 4 minutos, D’Alessandro aproveitou sobra e abriu a contagem.

Muito cedo. Mas não abalou o Grêmio até ali. O tricolor seguiu em cima, com mais volume e jogando um futebol que, apesar da desvantagem no placar, foi o seu melhor em todo o segundo turno. Empatou aos 18 num golaço de Tcheco, após jogada individual construída desde o campo defensivo, e continuou com o domínio de ações. Nessa parte do Clássico, o Inter pouco fez. Na sua melhor chance, teve uma escapada. Um escanteio. Do escanteio veio o domínio de Pico com o braço, ao lado da área. Veio a cobrança rápida do Internacional. A bola chutada por Alex entre as pernas de Victor para converter o 2-1.

Eram 28 minutos e a partida gremista acabava ali. Embora ainda não sacasse os adversários para bailar, o quadro vermelho tomou as rédeas do embate. Suas oportunidades nem vinham num número excepcional, mas a titânica vitória conquistada na seqüência foi resumida em uma palavra: eficiência. O Inter terminaria o primeiro tempo com cinco chances criadas – e quatro gols. Índio, aos 40, e Nilmar, aos 45+1, ambos de cabeça, deram ao Gre-Nal um 4-1 ainda no primeiro tempo. Quando o árbitro encerrou os três quartos de hora iniciais, não havia concentração maior de felicidade no mundo do que no estádio à beira do Guaíba, repleto por 42 mil almas, quase todas coloradas, em delírio (e uns poucos azuis desesperados, engolidos pela festa).

O jogo que deu sinais de estar nas mãos do Grêmio acabou sendo totalmente do rival. E aquilo causava estranhamento por ser uma vergonha restrita ao marcador, não à atuação – era este ponto que mantinha uma ponta de esperança nos mais loucos tricolores. Não deveria. No último lance do primeiro tempo, Tcheco, o mais lúcido do time, foi expulso juntamente com o alvirrubro Edinho por uma jogada na lateral. No intervalo, o treinador Celso Roth abdicou completamente de acreditar no impossível: estabeleceu o medo no time, tirou o atacante Perea e armou uma tática para “não perder de mais”.

Conseguiu. O segundo tempo não teve história. Aliás, houve uns lances de golo esporádicos, um pênalti não dado sobre o tricolor Marcel aos 57 e um gol do Inter anulado aos 84, mas os dois times estiveram pouco empenhados em dar novos tons ao quadro. O Inter, satisfeito, tocava a bola e deliciava-se com os gritos de “olé”. O Grêmio, estupidamente esperando no campo defensivo e tendo num centroavante sem técnica o seu único recurso ofensivo da etapa complementar, contentava-se em sair do Beira-Rio o mais cedo possível.

Quatro a um inalterado. Festa vermelha, a quarta vitória consecutiva de um Inter que finalmente acorda no Brasileirão e faz, agora sim, por merecer os elogios recebidos desde o início do ano, os elogios que, mesmo sendo o Grêmio o líder até esta rodada, o punham com certo favoritismo em Clássicos. Está aí: venceu outro Gre-Nal proclamado como o “do Século”, teve a maior goleada em Clássicos dos últimos onze anos, aproximou-se da zona da Libertadores e entrou no rumo esperado para, mui provavelmente, não sair mais.

Também houve a perda da primeira posição pelo rival. Lançou-se a pergunta definitiva: o Grêmio terá como voltar ao primeiro lugar? Pelos próximos jogos, é difícil dizer, mas está claro que deu o primeiro passo na direção oposta a isso, sendo superado pelo Palmeiras na classificação, perdendo Tcheco para os próximos dois jogos e, principalmente, sofrendo um terremoto na autoconfiança – nada mais dá certo! Num dia de tantos fracassos, ganhou apenas uma afirmação da sua crise e um símbolo dela: se a liderança havia sido assumida com um 1-7 fora de casa, lá contra o Figueirense, que soava como um berro de que o time então merecia o posto de campeão, hoje ela foi perdida com um outro massacre, agora em revés e num Gre-Nal, para destruir qualquer desculpa sobre a decadência de um time cujos resultados não são mais dignos nem de G4.

3 comentários:

Iuri Müller disse...

considero que é mais difícil o Inter conquistar a vaga do que o Grêmio o campeonato. Guardou quatro, brilhantemente, mas não tem regularidade nem técnico para continuar ascendendo. para eles, já serve: ganhar bem do Grêmio vale o ano.

Rodrigo Bender disse...

Para o Internacional, ganhar do gremio é apenas algo habitual, o difirencial é o placar. E o que vale o ano é ter certeza que se consolida um novo grupo de jogadores para substituir a gloriosa geração campeã mundial.

Iuri Müller disse...

contrata-se muito e por muito para "consolidar um novo grupo", que joga bem um jogo a cada três?