domingo, 23 de março de 2008

Ao grande

Na sua noite, Ronaldo Capixaba comemora com a torcida

Antes do jogo, as promessas de que outras equipes interessadas no confronto dariam incentivos financeiros ao Guarany de Bagé chegaram a causar algum temor. Despropositado. Em campo, veio a justificativa da desastrosa campanha dos bageenses. O São Luiz, que aspira a passagem de fase, e se via obrigado a vencer o saco-de-pancadas do grupo, não teve dificuldade para alcançar o triunfo esperado na partida deste domingo. Desde as 19:30, quando a pelota começou a rolar no 19 de Outubro, até o apito final do árbitro Leonardo Gaciba, sem dar acréscimos em nenhum dos tempos, o que se viu foi um massacre inquestionável.

Em sete minutos se acabara qualquer dúvida quanto à facilidade da partida. Era tempo mais que suficiente para um jogador com fome de bola estufar as redes e sair para a glória: Flavinho, em dias de retorno após longa lesão, usou a cabeça para desviar um lançamento na área visitante e tirar o goleiro adversário do lance. 1-0 e nada de reação pelos lados do Guarany. A partida era fácil; o adversário, morto. E a noite, ainda não se sabia, seria de Ronaldo Capixaba.

No período após a abertura do placar, o time de Bagé continuou a mostrar porque é o pior do Rio Grande do Sul em 2008. O São Luiz mandava em campo, mas a bola, tendo atravessado o arco uma vez, pareceu não querer mais entrar. Houve chute raspando a trave, houve chute na trave, houve tiro desviado com perigo. Mas nada de ver a redonda nas redes. Foi preciso um pênalti para o placar voltar ao seu caminho inevitável, aumentado pelos ijuienses. O cronômetro marcava 37 minutos no momento em que Ronaldo, nome de goleador, números de artilheiro, começou o seu recital, deslocando o goleiro na cobrança da penalidade máxima.

Seis minutos depois, ele apareceria outra vez, para um golazo de antologia. Lançado pela esquerda, não teve problemas para, na corrida, ganhar a jogada, fintar dois marcadores ao lado da área e, ainda em diagonal para o gol, mandar um tiro cruzado, em curva, fatal. Indefensável. Para conter o suposto entusiasmo das malas brancas destinadas a Bagé, um 3-0 no intervalo. O jogo estava ganho ao meio-tempo e, para isso, sequer fora demandado muito esforço. O São Luiz passeava.

E seguiu de passeio na etapa final. Não era o tiki-tiki do River uruguaio mas, aos 60 minutos, uma magnífica troca de passes tirou todos os marcadores adversários da jogada são-luizense. Era lance para se coroar com gol. Gol? Era lance para Ronaldo Capixaba, portanto. Ele recebeu o derradeiro toque daquela bela trama ofensiva e, na frente da área, apenas mandou o esférico no canto esquerdo de um arqueiro que saía desesperado. Seu hat-trick, sua entrada definitiva na lista de máximos goleadores do Gauchão: com oito tentos na competição, igualou Mendes, do Juventude, no topo da artilharia.

Quatro a zero para o São Luiz. Que bem poderiam ser oito, nove ou dez. Bastaria ter mantido o ritmo ou, quiçá, apenas ter mais inteligência na conclusão das jogadas que vieram depois. O próprio Capixaba, talvez enfarado do banquete de gols que tivera, acabou mandando para fora oportunidades que não costuma desperdiçar. Nisso tudo, o Guarany até achou um golzinho de honra, faltando cinco minutos para o apito final, concluindo o 4-1.

Mero detalhe numa noite em que o São Luiz precisava vencer, tinha obrigação disso, e confirmou as expectativas com espetáculo. Se o time passará aos mata-matas ou não, é uma questão que fica pendente até a próxima rodada, a última. Certo é que, no último jogo dentro de casa na primeira fase, a melhor equipe ijuiense da década se exibiu com grandeza.

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