quinta-feira, 24 de abril de 2008

Remontada em branco e vermelho

O Inter entrou em campo com o pensamento de remontada na noite de ontem. Uma aura diferente, que seus rivais gremistas chamariam de imortalidade, que o Real Madrid identificaria como espíritu de Juanito, e que ainda não tem um nome bem definido pelo Beira-Rio. Mas não era necessário nome: tudo estava na atitude.

Derrotado por 2-0 pelo Paraná fora de casa, o Colorado teria que fazer um pequeno épico para se manter vivo na Copa do Brasil. Os torcedores, mais de quarenta mil no estádio, milhões acompanhando o jogo pelo Rio Grande, sabiam disso e confiavam na força da equipe que, como em Yokohama ou Dubai, não trajava vermelho, mas um fardamento todo branco – “a cor deste uniforme diz tudo”, apontou um certo jogador antes do apito inicial. Iam pela classificação. Entrariam matando.

Mas com quatro minutos, quem dá sinais de entrar matando é o Paraná, fazendo 0-1. Não intimida o estádio, ouve apenas rugidos ferozes a empurrar o Inter à glória. O gol sairia na marra. Na fraqueza dos paranistas e sua defesa desastrosa. Na raça do quadro gaúcho. Um minuto depois do revés, o empate já luzia no marcador. Era a óbvia remontada, uma das inevitáveis, tomando forma.

E o juiz viria para ajudar. Se foi por obra própria que o Paraná mostrou falta de solidez no imponente castelo de cartas que erguera, a vergonhosa arbitragem de Wagner Tardelli seria a responsável por dar o sopro que o derrubaria de vez. Com doze minutos, o apitador ignorou um pênalti favorável aos visitantes, em falta de dois zagueiros colorados sobre o atacante paranista que ingressava na área oponente. Com vinte e um, numa decisão de rigor excessivo, mostrou a cartolina vermelha direta para Ângelo, melhor jogador dos de Curitiba – tempos depois, negaria tratamento igual ao alvirrubro Magrão, em jogada semelhante.

A fúria louca do Internacional deu cabo do que restava dos seus adversários. Ao final do primeiro tempo, o resultado já se levantava para 3-1 em favor dos gaúchos, e os espaços no campo se multiplicavam: novas expulsões, uma para cada lado, deixavam o saldo da festa em dez colorados diante de nove paranistas.

O jogo ficou nas mãos do time do Beira-Rio. Houve quem qualificasse o duelo por dramático, mas o segundo tempo foi uma fiel mostra de dominação por parte de um Inter que não poderia ser eliminado. Nem mesmo uma bola acertada no poste, aos 77 minutos, pelo Paraná, mudou os fatos: bastava uma pressão leve do Inter para moldar o placar ao seu gosto. Os gols da classificação vieram com Magrão, no minuto 63, e Fernandão, cobrando pênalti aos 90+2, para dar números finais de 5-1 à noite.

De forma inolvidável, o Inter saiu de um três a zero contrário para as quartas-de-final da Copa do Brasil. Fica a imagem da raça em branco e vermelho, do Beira-Rio infernal mesmo com a eliminatória se pondo tão adversa. O juiz? Certos detalhes são convenientemente esquecidos pela história...

4 comentários:

Anônimo disse...

tu não viste penalti no nilmar,gol mal anulado do adriano,ooutro penalti no nilmar que o cara chutou o peito do infeliz,o número 11 puxando a camisa do bustos quando já tinha amarelo,o número 4 que se cansou de dar pontapé no nilmar.É a tua cor é azul rebaixado de segundona

Maurício Brum disse...

Meu caro anônimo, a crítica aqui não é a um resultado que possa ter sido "construído" com a ajuda da arbitragem. Até porque um 5-1 não se discute, e foram nítidos erros posteriores contra o Inter (e outros não citados contra o Paraná), embora menos determinantes.

O ponto é quando vieram os tais erros: no momento em que o Paraná foi prejudicado mais fortemente, ainda restava um mundo por se jogar, e o resultado era de empate. Não afirmarei que isso mudaria algo, porque o Inter foi ao jogo de um modo que, acontecesse o que acontecesse, teria alma para buscar os gols necessários. Mas não dá para fechar os olhos à realidade: mais do que tudo, foram esses erros que mataram o Paraná ainda no primeiro tempo.

No más, isso é apenas um detalhe em meio à construção da história, que está escrita e será marcada pela formidável remontada. Se a lenda for maior que o feito, permaneça a lenda.

Rodrigo Bender disse...

Mauricio, o Inter mereceu e a arbitragem errou para os dois lados; mas tu foi imparcial até a última frase. Vlw

jo disse...

NÃO DÁ PRA FECHAR OS OLHOS PRA REALIDADE:PENALTI CLARISSIMO NO FINAL DA PARTIDA DE IDA SOBRE O ADRIANO PODERIA TER FEITO A COISA FICAR MUITO MAIS FÁCIL PRO INTER ALEM DO QUE MESMO QUE O MAGRÃO FOSSE EXPULSO O PLACAR JÁ TERIA SIDO CONSTRUIDO NA PRIMEIRA ETAPA COM O GOL MAL ANULADO DO ADRIANO E O PENALTI NÃO MARCADO DO NILMAR